A série "Por Onde Tens Andado" mostra-nos o rosto duma boneca, ora sorridente ora enigmática, cadência emocional envolta numa estrutura geométrica, quadriculada, quase fractal. Esta inquietante atmosfera imaginária, ou feita de um real que na maior parte das vezes escapa à percepção/compreensão ortodoxa da mente humana, dá a ideia de se multiplicar infinitamente. Tal como na vida quotidiana, onde, pela acção das diversas ações físicas o corpo humano realiza um universo de múltiplas emoções. O corpo é o veículo através do qual o limite do infindável foi definido no Homem, vectorizado sobretudo pelo cérebro mas sempre determinado pela natureza quotidiana de cada ação, da vivência específica de cada pessoa. A ideia do real na arte é transmutável: passa pelo abstracto e o surreal chegando até ao non-sense - teatro do absurdo ou dadaísmo extremo tão bem utilizado aos operadores de certas correntes artísticas: teatrais, agressivas,chocantes, estranhas e às vezes até humorística. A boneca, espreitando pelas qaudrículas fractais a preto e branco (numa delas também a vermelho)denuncia um deslocamento de orientação - olhar à esquerda desviando-se em seguida para o centro, olhar frontal à direita, de novo cabeça ao centro mas desta vez olhando à esquerda, o vermelho sangue em baixo, em suma finalizando com a cabeça em baixo e à esquerda, refletindo um olhar na distância, ausente, abstracto mas auto-semelhante na sua complexidade infinita. A boneca, dentro desta prisão fractal ou dimensão topológica, parece perguntar: "Por Onde Tens Andado"?... _____________________
"POR ONDE TENS ANDADO"
Eu tenho andado Por aqui, Por ali, cá dentro. Em mim, Em ti, nas coisas. Como sempre, Amando-te, em tudo. Mas sobretudo, Em ti,em She, Cá dentro.
Que boneca é esta? Donde vem? exis- te gente assim no mundo? Parece tudo uma construção de espe- lhos desfocados ou ofuscados, e al- guém cujo perfil nos engana na re- presentação da espera, luz branca em volta. A bonceca reaparece na sua montra, submersa na luz baça e branca, or- lada em baixo de vermelho, como se emergisse de facto para a vida. Mas não passa da montra, metida num eventual xadrez ou num puzle sucin- to, enganador. Aqui tudo está morto, a própria au- sência, tudo se calcina ao longe. E contudo, a boneca permanece imóvel, e no entanto pueril, criança fingi- da em oferta ao consumo dos velhos que afagam meninos.
Por onde tens andado escapa ao meu olhar, não chegando a formatar algo de substantivo, mesmo quase nada, no meu ver em narrativa em cascata. Teria que inventar os restos, as pestanas, os olhos de um celuloide que perdi,os sinais caramelosos da cor. A tese do Miguel é linda mas não sei se fala daquela série de registos. Prometo ver de novo. E dido isto depois de me ler no que disse antes. Mas as perguntas de outro olhar talvez sejam sintomáticas
3 comentários:
A série "Por Onde Tens Andado" mostra-nos o rosto duma boneca, ora sorridente ora enigmática, cadência emocional envolta numa estrutura geométrica, quadriculada, quase fractal. Esta inquietante atmosfera imaginária, ou feita de um real que na maior parte das vezes escapa à percepção/compreensão ortodoxa da mente humana, dá a ideia de se multiplicar infinitamente. Tal como na vida quotidiana, onde, pela acção das diversas ações físicas o corpo humano realiza um universo de múltiplas emoções. O corpo é o veículo através do qual o limite do infindável foi definido no Homem, vectorizado sobretudo pelo cérebro mas sempre determinado pela natureza quotidiana de cada ação, da vivência específica de cada pessoa. A ideia do real na arte é transmutável: passa pelo abstracto e o surreal chegando até ao non-sense - teatro do absurdo ou dadaísmo extremo tão bem utilizado aos operadores de certas correntes artísticas: teatrais, agressivas,chocantes, estranhas e às vezes até humorística. A boneca, espreitando pelas qaudrículas fractais a preto e branco (numa delas também a vermelho)denuncia um deslocamento de orientação - olhar à esquerda desviando-se em seguida para o centro, olhar frontal à direita, de novo cabeça ao centro mas desta vez olhando à esquerda, o vermelho sangue em baixo, em suma finalizando com a cabeça em baixo e à esquerda, refletindo um olhar na distância, ausente, abstracto mas auto-semelhante na sua complexidade infinita. A boneca, dentro desta prisão fractal ou dimensão topológica, parece perguntar: "Por Onde Tens Andado"?...
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"POR ONDE TENS ANDADO"
Eu tenho andado
Por aqui,
Por ali, cá dentro.
Em mim,
Em ti, nas coisas.
Como sempre,
Amando-te, em tudo.
Mas sobretudo,
Em ti,em She,
Cá dentro.
E, tu?...
Miguel
Beijo-te. Amo.te.
EuteuMig
Que boneca é esta? Donde vem? exis-
te gente assim no mundo?
Parece tudo uma construção de espe-
lhos desfocados ou ofuscados, e al-
guém cujo perfil nos engana na re-
presentação da espera, luz branca em volta.
A bonceca reaparece na sua montra, submersa na luz baça e branca, or-
lada em baixo de vermelho, como se
emergisse de facto para a vida.
Mas não passa da montra, metida num
eventual xadrez ou num puzle sucin-
to, enganador.
Aqui tudo está morto, a própria au-
sência, tudo se calcina ao longe. E
contudo, a boneca permanece imóvel,
e no entanto pueril, criança fingi-
da em oferta ao consumo dos velhos que afagam meninos.
Por onde tens andado escapa ao meu
olhar, não chegando a formatar algo
de substantivo, mesmo quase nada,
no meu ver em narrativa em cascata.
Teria que inventar os restos, as pestanas, os olhos de um celuloide
que perdi,os sinais caramelosos da
cor. A tese do Miguel é linda mas
não sei se fala daquela série de
registos. Prometo ver de novo. E dido isto depois de me ler no que
disse antes. Mas as perguntas de
outro olhar talvez sejam sintomáticas
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