quinta-feira, junho 26, 2008

SEI QUE MORRI...

.
Sorrisos abstractos
Murmuram preces surdas...
E os sinos
Continuam a tocar
Dentro de mim.

Sei que morri...
Enquanto que meu corpo
Segue indiferente
O destino da cidade

Sei que morri...
E sei que sou alguém
Vivendo para os outros,
Alguém que já não vive
Morrendo para si próprio.

( Ruy de Portocarrero - hora interrompida )

segunda-feira, junho 23, 2008

NÃO EXISTIR ENQUANTO EXISTE

.
A isto
Chamam dedos
Mãos
Olhos
Rosto...
Formas que existem
Para nos dar uma forma.

E dizemos que existimos...
Nós não existimos
No momento
Em que existimos.

Mas se existimos
Pelo facto de não existirmos,
Não só Deus
Terá o privilégio de não existir
Enquanto existe.
.
( Ruy de Portocarrero - hora interrompida )

quarta-feira, junho 04, 2008

APENAS SEI QUE ENVELHECE

O que me convence
Neste compasso de espera,
Não é o agonizante silêncio
De qualquer estátua...
Nem o indiferente sorriso
Duma rua sem nome...
O que me convence
É a certeza
De que a tua juventude
Não foge, não me entristece...
Apenas sei que envelhece.

( Ruy de Portocarrero - hora interrompida )