sexta-feira, julho 25, 2008

AVES EM MEUS OMBROS


Sinto
Que a infância das aves
É mais um pesadelo
Para mim.

Ó Deus...
Se é que existem
Aves de verdade,
Porque não pousam elas
Em meus ombros,
Quando em meus olhos
Há àgua para beber?...

( Ruy de Portocarrero - hora interrompida )

quarta-feira, julho 16, 2008

LÁGRIMA


Todos os dias
Se abre um sorriso,
Como se alguém me encontrasse.
Todas as noites
Se fecham os olhos,
Como se eu próprio sonhasse.

Todos os dias
Se abre uma rosa,
Como se alguém ma pedisse.
Todas as noites
se fecham as portas,
Como se eu próprio mentisse.

Todos os dias
Se abre uma campa,
Como se alguém me chamasse.
Todas as noites
Se fecham as luzes,
Como se eu próprio rezasse.

Todos os dias
Se abre uma carta,
Como se alguém me escrevesse.
Todas as noites
Se fecham janelas,
Como se eu próprio morresse.

( Ruy de Portocarrero - Promessas e Loucuras )

quinta-feira, julho 10, 2008

EQUIVALÊNCIA

Às vezes
Substituo meus olhos
Por tudo quanto vejo,
Como se quisesse procurar
Aquilo que a mim
Pudesse equivaler.

Só depois
Consigo a tua imagem
Sem volume,
Entre o espaço vazio
Que forma cada coisa.

( Ruy de Portocarrero - hora interrompida )

terça-feira, julho 01, 2008

A PRESENÇA DE ME VER ALÉM DE MIM


ONTEM...
Andei sózinho
Toda a tarde,
Até sentir-me nada
Em cima de meus passos.

E os meus olhos
Sentiram-me depois
Além do meu andar.

Mas não eram os meus passos
Que me davam a certeza
De andar...

Nem eram os meus olhos
Que me davam a presença
Dum além...

Meus passos
Eram somente
A certeza da presença...

E os meus olhos
A presença de me ver
Além de mim.
.
( Ruy de Portocarrero - hora interrompida )