SintoQue a infância das avesÉ mais um pesadeloPara mim.Ó Deus...Se é que existem Aves de verdade,Porque não pousam elasEm meus ombros,Quando em meus olhosHá àgua para beber?...
( Ruy de Portocarrero - hora interrompida )
Todos os dias
Se abre um sorriso,
Como se alguém me encontrasse.
Todas as noites
Se fecham os olhos,
Como se eu próprio sonhasse.
Todos os dias
Se abre uma rosa,
Como se alguém ma pedisse.
Todas as noites
se fecham as portas,
Como se eu próprio mentisse.
Todos os dias
Se abre uma campa,
Como se alguém me chamasse.
Todas as noites
Se fecham as luzes,
Como se eu próprio rezasse.
Todos os dias
Se abre uma carta,
Como se alguém me escrevesse.
Todas as noites
Se fecham janelas,
Como se eu próprio morresse.
( Ruy de Portocarrero - Promessas e Loucuras )
Às vezesSubstituo meus olhosPor tudo quanto vejo,Como se quisesse procurarAquilo que a mimPudesse equivaler.Só depoisConsigo a tua imagemSem volume,Entre o espaço vazioQue forma cada coisa.( Ruy de Portocarrero - hora interrompida )
ONTEM...Andei sózinhoToda a tarde,Até sentir-me nadaEm cima de meus passos.E os meus olhosSentiram-me depoisAlém do meu andar.Mas não eram os meus passosQue me davam a certezaDe andar...Nem eram os meus olhosQue me davam a presençaDum além...Meus passosEram somenteA certeza da presença...E os meus olhosA presença de me verAlém de mim.
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( Ruy de Portocarrero - hora interrompida )