segunda-feira, junho 23, 2008

NÃO EXISTIR ENQUANTO EXISTE

.
A isto
Chamam dedos
Mãos
Olhos
Rosto...
Formas que existem
Para nos dar uma forma.

E dizemos que existimos...
Nós não existimos
No momento
Em que existimos.

Mas se existimos
Pelo facto de não existirmos,
Não só Deus
Terá o privilégio de não existir
Enquanto existe.
.
( Ruy de Portocarrero - hora interrompida )

2 comentários:

Anónimo disse...

fantástica, foi exactamente isso que eu pensei quando vi a foto. parece uma mão descarnada, com vários dedos...


boa semana, amiga :)
beijinho

Rocha de Sousa disse...

Vamos fazer agora uma leitura mais
ou menos simultânea. O ramo daquela
planta ou árvore está, aparentemen-
te, plasmado na matéria opaca que o
tornou «refém» de si mesma. O que nos pode induzir na ideia de duas coisas que se anulam entre si e por isso não existem: as duas ou uma delas. Esta não existência en-
quanto ser ou matéria é, na totali-
dade, uma outra «existência», a confluência entre duas coisas dife-rentes mas ainda a emergir quase
como fábula, simbologia de como so-
mos ou nos replicamos. O poema não
me pareceu coerente nessa passagem
entre existir e não existir, mas a
imagem absorve essa deriva,esse
«non-sense.