quarta-feira, julho 16, 2008

LÁGRIMA


Todos os dias
Se abre um sorriso,
Como se alguém me encontrasse.
Todas as noites
Se fecham os olhos,
Como se eu próprio sonhasse.

Todos os dias
Se abre uma rosa,
Como se alguém ma pedisse.
Todas as noites
se fecham as portas,
Como se eu próprio mentisse.

Todos os dias
Se abre uma campa,
Como se alguém me chamasse.
Todas as noites
Se fecham as luzes,
Como se eu próprio rezasse.

Todos os dias
Se abre uma carta,
Como se alguém me escrevesse.
Todas as noites
Se fecham janelas,
Como se eu próprio morresse.

( Ruy de Portocarrero - Promessas e Loucuras )

2 comentários:

Miguel Baganha disse...

Todos os dias são dias para viver.

Em cada manhã agradeço à vida,
Por te ter do meu lado.

Todos os dias me nasce um sorriso,
Por te ver feliz.

Mas toda a vida me correrá uma lágrima,
Pelo tempo perdido...
Porque o vivi sem ti.

Amo-te, Danishe...sempre!

Eumigteu

Rocha de Sousa disse...

Esta janela, além do mais, parece-
me a janela de uma senhora que vinha aqui e que vivia numa grande mkiséria disfarçada. Todas as noites estava aqui, apesar de perseguida pelo irmão que lhe queria ficar com a casa meio arruinada. E conseguiu porque um dia alguém foi dar com a senhora morta, deitada (vestida) sobre a cama.Lá ficou o irmão, egoista e com ar de cavalheiro meio perdido.
Morreu anos depois. Deixaram ambos
a casa ao deus dará, muito semelhante à imagem da tua foto-
grafia. Móveis velhos, camas desfeitas, tijoleira no chão, muito gasta e o telhado já tombado
para o lado da cozinha.Nunca mais arranjaram aquela casa, nem arranjo tem. Mas um dia um dos nossos presidentes veio inaugurar coisas em Silves, estando o itinerário marcado por aquela rua.
A CMS não teve outro remédio: pintou um pano/tela do tamanho da
casa e suspendeu-o por cima da lepra da outra, única ali. Parecia um reclame dos patos-bravos, anun-
ciando uma ressurreição imobiliária
para daí a pouco tempo.
A fotografia enche-se por completo
desta memória. E, pesar da tristeza, ainda bem.
tio