terça-feira, dezembro 02, 2008

GÉMEAS

2 comentários:

Miguel Baganha disse...

Nesta fotografia de ambiente monastérico existe algo mais do que uma primária aparência. O seu conteúdo gráfico revela-me, direi melhor; sugere-me um busto de um cavaleiro medieval: o caixilho e as "conversadeiras" formam o elmo, as janelas qual par de olhos esbugalhados ou ainda viseiras de um qualquer capacete abrem-se iluminadas, o degrau, por sua vez, desenha o pescoço e a luz reflectida no chão assume a forma daquilo que seria uma parte do tronco do imaginado cavaleiro.

Gosto desta foto assim como gosto de certos livros ou filmes que nos dizem mais do que o tema abordado, ou de outros raros encontros desta ordem. Ou ainda como de certas pessoas que possuem algo que nunca revelam na totalidade, algo que resiste e permanece intocável, fechado sobre si, gerando entre aqueles que partilham essa além-aparência, um género de comunidade secreta, intimamente ligada pelas estritas razões sem propósito ou utilidade.

Esta bela salinha rústica com as suas janelas gémeas num preto e branco de efeito espantoso, tem uma qualidade de silêncio que sugere que a fotografia também é para ESCUTAR.
Oiço nela um silêncio tão intenso assemelhando-se ao que suspende uma música, num intervalo súbito de uma execução perfeita.

Obrigado por todas as tuas fotografias, Daniminha! Sejam elas, metafísicas, reais, graves, agudas ou silenciosas, fortes ou delicadas, elas irão resistir ao tempo tal como o nosso amor.

Amo-te, minha alma gémea, estou orgulhoso de ti!

Miguel

Rocha de Sousa disse...

Gémeas porque, antes de tudo, são geminadas colando-se a prumo,iguais
e pretéritas. São também almas ogi-
vais, as janelas, como seres ilumi-
nados caminhando para nós - ou nós
para eles, em busca de duas coisas:
o «outro» que há em nós e a «Luz»
que nos lava e salva.
Boa ideia,a de fotografar uma óbvia
dicotomia da qual se pdem retirar a
grande parte dos nossos segredos antigos.
R.Sousa.